/ CIDADES E COMUNIDADES PROTETORAS DA VIDA
“Todo ser humano tem igual direito à saúde e segurança”:
esta premissa tem desencadeado um mecanismo de ação comunitária através do mundo, ação que busca construir Comunidades Protetoras da Vida.
A rede Aroeiras conseguiu 200 xaropes de Angico, Xambá e Espinho de Cigano que são utilizados para tratar os sintomas de gripes e resfriados há mais de 20 anos pela Associação dos Manipuladores de Remédios Fitoterápicos tradicionais Semiartesanal do Estado de Pernambuco (AMARFITSA). A gripe do COVID-19 apresenta os mesmos sintomas no primeiro estágio da doença e sendo tratados com estes fitoterápicos terão uma recuperação dentre do período de 7 dias como é sugerida a indicação de uso.
Essa iniciativa foi dialogada com as mulheres dos territórios, quilombolas, indígenas, marisqueiras, raizeiras, benzedeiras, as anciãs que nos relataram a utilização inclusive da Quina-quina da Caatinga para combater os sintomas do COVID-19. Com essa ação iniciada na segunda semana de março de 2020 conseguimos que chegassem ao território a primeira remessa de fitoterápicos e álcool a 70%. Também o Coletivo Flor do Mulungu responsável pela divulgação e sistematização de todo material e informações coletadas nas comunidades sobres as plantas medicinais nativas da Caatinga, criou um financiamento coletivo para captar recursos para a produção de mais fitoterápicos para que possa suprir a população.
Neste caos reunindo as comunidades que estão sendo assistidas neste momento temos quase 50 famílias que vivem na sua comunidade com acesso precário a saúde e que com a pandemia essa realidade só veio agravar. Fizemos um cálculo que por família deveria conter no mínimo quatro xaropes sendo um com ação expectorante e febrífuga e o outro com ação broncodilatadora, ou seja, dois de cada ação. Também sabemos que muitos idosos são diabéticos e por isso temos produzindo as informações da preparação dos chás e partilhando em todos os territórios para que as pessoas já tenham as plantas medicinais em casa no momento que aparecer os primeiros sintomas de gripe ou resfriado.
Além disso está sendo feito também o reforço das orientações básicas do confinamento, higiene e da alimentação. Além disso resgatar a utilização e implantar uma Farmácia Viva e um laboratório de fitoterápicos tradicionais comunitário com o conhecimento das plantas medicinais de uso local, regional e nacional com consta na lista do RENAME. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos prevê a implantação nas UBS Farmácias Vivas e manipulação para produção de fitoterápicos mas na pratica não avançou a implementação das mesma.
Sabemos que a população do Nordeste e principalmente as comunidades tradicionais são detentores de conhecimento que na sua valorização e potencialização pode trazer autonomia de saúde e ser um saída para este momento de Pandemia que estamos vivendo, visto que o acesso a saúde de qualidade ou mais especializada não chega a estes municípios.
As fundadoras do Grupo de Trabalho, Patrícia dos Santos Caldas, Rejane Ramos Dantas Lisboa e Patrícia dos Santos Caldas trabalham há quase 4 anos à frente do Projeto MediarIFBA, juntamente com outras profissionais. Para atender a demanda desta proposição, formou-se este grupo de trabalho específico.
Uma sociedade democrática caracteriza-se pela existência de cidadãos e cidadãs capazes de solucionar com habilidade os problemas sociais. Sendo tal capacidade desenvolvida através da educação e por meio da prática. Para desenvolver e exercitar estas habilidades, é importante que lideranças comunitárias e territoriais das comunidades assistidas recebam curso de capacitação em Cultura de Paz. Trata-se de um curso para o público das lideranças das comunidades quilombolas, pescaria artesanal, agricultura familiar, comunidades tradicionais da floresta, se justifica tendo em vista a necessidade de apresentar ferramentas que propicie e fomente a cultura de paz e a gestão de conflitos, com vistas a fortalecer a participação social, inclusão e instrumentos de cidadania, se vislumbrando em democracia participativa e educação popular.
O objetivo é apresentar ferramentas para fomento da Cultura de Paz e a gestão de conflitos, com vistas a fortalecer a participação social. Em paralelo, será desenvolvido e-book para sensibilização e educação para paz e em direitos humanos nas comunidades.





